A Casa da Moeda do Brasil foi fundada em 8 de março
de 1694, no Brasil Colônia, pelos governantes portugueses
para fabricar moedas com o ouro proveniente das minerações.
Na época, a extração de ouro era muito expressiva no Brasil
e o crescimento do comércio começava a sofrer com a falta de um suprimento local de moedas.
Em 1695, a cunhagem das primeiras moedas genuinamente
brasileiras foi iniciada na Praça do Palácio, cidade de
Salvador, Bahia, primeira sede da CMB, permitindo a
substituição progressiva das diversas moedas estrangeiras
que aqui circulavam.
Após várias idas e vindas entre o Rio de Janeiro e
cidades no nordeste do Brasil e em Minas Gerais, a CMB foi
definitivamente transferida para o Rio de Janeiro, então
capital da República, operando inicialmente em
instalações provisórias e, mais tarde, em amplo prédio
construÃdo na Praça da República, inaugurado em 1868. Essa
planta foi modernizada no perÃodo de 1964 a 1969, com o
propósito de assegurar ao paÃs a autossuficiência na
produção de seu meio circulante.

O crescimento da economia brasileira durante os anos
subsequentes exigiu a expansão da capacidade de
produção da empresa. Um novo complexo industrial, representando um dos maiores do gênero no mundo, foi
especificamente projetado, construÃdo e inaugurado em 1984,
no Distrito Industrial de Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de
Janeiro. A fábrica de moedas é capaz de produzir até 4
bilhões de moedas por ano, atendendo toda a demanda de moedas
do meio circulante brasileiro.
As "Casas da Moeda" no Brasil
Anteriormente à oficialização da Casa da Moeda do
Brasil, em 1694, era livre a exploração das minas de ouro
ou prata - desde que se pagasse à Fazenda Real a quinta
parte do que fosse extraÃdo - o metal era fundido em barras
nas Casas de Fundição, onde eram devidamente marcadas com
as armas do Reino, com o número de ordem, o nome da casa, a
titulagem do metal, o ano da fundição e o peso. Além de
emissão de certificado de pagamento do "quinto" e
de posse.
As Casas de Fundição não eram propriamente
estabelecimentos metalúrgicos ditos organizados, dispondo
de poucos instrumentos, forjas pequenas e balanças de pouca
precisão. No entanto, algumas chegavam a operar como
verdadeiras Casas de Moeda, modificando caracterÃsticas de
moedas e até produzindo numerário próprio.
Com o passar do tempo, as Casas de Fundição foram
perdendo sua finalidade e sendo extintas, até o fechamento
definitivo determinado por lei em 1832.
Casa da Moeda da Bahia (1694-1698)
InÃcio das atividades: 08/03/1694
Encerramento: 12/01/1698
Local: Praça do Palácio (atual esquina da Rua da Misericórdia
com a Ladeira da Praça), Salvador, Bahia
Cidade de Salvador vista pelo mar com a indicação da localização da primeira Casa da Moeda. Desenho de José Caldas
A primeira Casa da Moeda do Brasil foi criada no governo de D.
Pedro II, de Portugal, para suprir a deficiência de
numerário para realização de pagamentos e organizar o meio
circulante dominado por moedas de vários paÃses marcadas e
remarcadas.
Bahia ou São Paulo?
A primeira Casa da Moeda do Brasil teria sido realmente na
Bahia? Estudos mais recentes, baseados em documentos da
época, comprovam que cinquenta anos antes, moedas de ouro já
eram batidas em São Paulo, capital da capitania de São
Vicente. Mas, poderia essa atividade em São Paulo ser
considerada uma Casa da Moeda oficial? Ou tratava-se apenas de
mais uma oficina de fundição que fazia, também, moedas?
Casa da Moeda do Rio de Janeiro (1698-1700)
InÃcio das atividades: 12/01/1698
Encerramento: 20/01/1700
Local: Junta do Comércio, próximo à Ladeira São Bento, Rio
de Janeiro
Levando-se em conta a total falta de
segurança e a pirataria verificada nas costas brasileiras,
foi conveniente e seguro instalar a Casa da Moeda na cidade do
Rio de Janeiro e não mais remeter o dinheiro para a cidade de
Salvador.
Casa da Moeda de Pernambuco (1700-1702)
InÃcio das atividades: 13/10/1700
Encerramento: 12/10/1702
Local: Rua da Moeda, Vila do Recife, Pernambuco
O comércio crescia e a escassez de numerário estava
ocasionando graves problemas. A transferência do Rio para
Recife foi estratégico na logÃstica do setor. Aproveitou-se
o prédio da antiga Oficina de Recunhagem na rua Maria
Rodrigues, posteriormente, Rua da Moeda.
Casa da Moeda do Rio de Janeiro (1703-até hoje)
EdifÃcio do Real Erário, antiga Casa dos Pássaros. Foto de Gilson Koatz
InÃcio das atividades: 14/01/1703
Local: Junta do Comércio, próximo à Ladeira São Bento (Rua
Direita), Rio
de Janeiro;
Em 1706, transferida para a nova instalação na Praça do
Carmo (atual Praça XV);
Em 1743, transferência para o recém construÃdo Palácio dos
Vice-reis, na Casa dos Governadores, Largo do Carmo;
Em 1814, a sede passa a ser a Casa dos Pássaros, no edifÃcio
do Real Erário, Rua do Sacramento (atual Avenida Passos);
Em 1868, transferida para a Praça da Aclamação (atual
Praça da República);
Em 1984, transferida para o novo Parque Industrial, no
Distrito de Santa Cruz, ainda no Rio de Janeiro

"
Rua Direita do Rio de Janeiro"
em aquarela de Thomas Ender
A queda acentuada do movimento da Casa da
Moeda de Pernambuco e o Rio de Janeiro ressentindo-se de um
estabelecimento cunhador para suprir o desenvolvimento da
região, determinou-se a reabertura da Casa da Moeda do Rio de
Janeiro mantendo-se ativa até hoje.
Casa da Moeda da Bahia (1714-1830)
InÃcio das atividades: 14/11/1714
Encerramento: 29/11/1830
Local: Praça do Palácio, Salvador, Bahia
Em decorrência do apogeu da produção aurÃfera na
região nordeste, a fluente evasão de ouro e da grande
carência de metal cunhado para circulação local foi
estabelecido a reabertura da Casa da Moeda da Bahia resgatando
da Casa da Moeda do Rio de Janeiro o treslado do Livro de
Registros das atividades que exercera no perÃodo de 1694 a
1698.
Casa da Moeda de Minas Gerais (1725-1735)
InÃcio das atividades: 01/02/1725
Encerramento: 21/07/1735
Local: Morro de Santa Quitéria, Vila Rica (atual Ouro Preto),
Minas Gerais
A produção ostensiva de ouro na região, propiciou a
instalação da terceira Casa da Moeda, em atividade, para
atender a demanda local.
Casa da Moeda de Vila da Cachoeira (1823-1823)
InÃcio das atividades: 07/06/1823
Encerramento: 04/07/1823
Local: Convento do Carmo, Vila da Cachoeira, Salvador, Bahia
Igreja e Convento do Carmo, na Vila da Cachoeira onde, em 1823, funcionou a Casa
da Moeda. Foto de JF Paranaguá
Com o agravamento das relações entre a Colônia e
Portugal, iniciado em 1822 por causa da declaração da
independência do Brasil, intensificaram-se as hostilidades
armadas entre o partido brasileiro e o português, começando
a grande retirada dos moradores para a Vila da Cachoeira.
Conforme cita Renato Berbert de Castro, a cidade de Salvador
encontrava-se dominada pelo brigadeiro português Inácio Luiz
Madeira de Melo, nomeado pela Metrópole que, mesmo após o
Grito da Independência, permanecia à frente da força
militar, ordenando a ocupação da cidade. A violência
imperava sobre a região, ocasionando o êxodo da população.
O centro das operações foi transferido para a Vila da
Cachoeira, ali instalando-se o Conselho Interino de Governo. A
luta pela consolidação da Independência do Brasil, na
Bahia, somente terminou a 2 de Julho de 1823, cessando as
atividades do Conselho Interino de Governo, sendo constituÃdo
Governo provisório e retornando os serviços à Capital.
A instalação de uma Casa da Moeda em outro local que não
fosse a capital, foi aprovada por D. Pedro dado que as
instalações em Salvador estavam inutilizadas, a fábrica
parada, os oficiais e operários evadidos para o Recôncavo. A
nova Casa da Moeda funcionou até que a situação foi
normalizada.